O Veneno de uma das aranhas mais venenosas do mundo pode ajudar a salvar as abelhas melíferas (produtoras de mel) ao servir de base para um bio-pesticida capaz de eliminar pragas, mas poupar os insectos que são polinizadores poderosos, revelou um estudo.
As populações de abelhas,
tanto selvagens quanto criadas em cativeiro, estão em declínio na Europa, nas
Américas e na Ásia por razões que os cientistas lutam para entender, e os
pesticidas industriais são considerados os principais responsáveis.
No ano passado, cientistas
alertaram que certos pesticidas usados para proteger cultivos ou colmeias podem
confundir os circuitos cerebrais das abelhas, afectando a sua memória e suas
habilidades de navegação das quais dependem para encontrar comida, colocando
colmeias inteiras em perigo.
Desde então, a União Europeia
impôs uma proibição temporária a alguns destes produtos químicos.
Agora, uma equipa da
Universidade de Newcastle, em Inglaterra, descobriu que um bio-pesticida feito
com uma toxina do veneno da aranha da família «Hexathelidae», natural da
Austrália, e uma proteína da planta galanto, não prejudica as abelhas.
«Fornecer doses agudas e
crónicas às abelhas, além dos níveis que experimentariam no campo, teve apenas
um efeito suave na sobrevida das abelhas e nenhum efeito mensurável na sua
aprendizagem e memória», informou a universidade em comunicado.
Nem as abelhas adultas, nem as
lavras foram afectadas, reportou o estudo publicado na revista Proceedings of
the Royal Society B.
Anteriormente, o bio-pesticida
não demonstrou ter efeitos nocivos aos humanos, apesar de ser altamente tóxica
para uma série de pragas importantes.
As abelhas respondem por 80%
da polinização de plantas feita por insectos. Sem elas, muitos cultivos
deixariam de dar frutos ou precisariam de ser polinizados manualmente.
A Organização das Nações
Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) informou que os polinizadores
contribuem com pelo menos 70% dos grandes cultivos de alimentos humanos.
O valor económico dos serviços
de polinização foi estimado em 208 mil milhões de dólares em 2005.
«Não haverá uma solução
única», disse o co-autor do estudo, Angharad Gatehouse.
«O que precisamos é de uma
estratégia de gestão integrada de pragas e pesticidas específicos e os insectos
serão apenas uma parte disto», concluiu.
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